segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Manobra contra a saúde

Dos 268 médicos brasileiros formados no exterior e que fizeram a prova de revalidação dos diplomas elaborada pelo Ministério da Educação, somente 2 conseguiram atingir a nota mínima para a aprovação na prova teórica. Ao menos 28 candidatos acreanos se inscreveram no exame, mas nenhum foi aprovado.

O resultado é considerado preocupante pelos organizadores da prova, que têm neste modelo de avaliação uma alternativa para solucionar o problema de médicos com graduação em faculdades fora do país, e que, por dificuldades em ter o diploma reconhecido, passam a exercer a profissão de forma ilegal.

O Acre é um exemplo disso. O Estado vive um cabo de guerra entre o CRM (Conselho Regional de Medicina) e as prefeituras do interior que contratam estes profissionais para atuar na rede pública municipal.

Para Janilson Lopes, presidente da Associação Médica Nacional Maira Fachini – entidade que reúne médicos brasileiros graduados no exterior – “a prova não passou de uma grande manobra do CFM (Conselho Federal de Medicina)”. Segundo ele, não há interesse do conselho em revalidar os diplomas de fora para proteger os médicos com graduação no país e assim garantir o mercado.

“Essa foi uma prova feita justamente para ninguém passar e é mais um golpe da Ufac”, disse. A associação acusa a universidade acreana de emperrar os processos de revalidação dos diplomas. Janilson afirma também que o exame desrespeitou a legislação que rege os processos de revalidação, ao não garantir a complementação.

A complementação acontece quando o avaliador constata que a carga horária ou a grade curricular de determinada disciplina na faculdade de origem apresenta muitas disparidades com a lecionada no Brasil. No caso, o profissional volta à sala de aula para complementar os estudos.

Janilson afirma que foi dada a garantia de que a prova seria realizada no Acre, sem ser necessária a ida até Brasília. “Os candidatos tiveram que gastar dinheiro com passagem, hotel e alimentação. Quando chegam lá para fazer uma prova elaborada para ninguém passar”.

O MEC irá fazer um novo exame sem data definida. O objetivo é aumentar o índice de aprovação. O ministério estuda reduzir a nota média a ser alcançada, que foi de 7 na última avaliação. Em todo o Brasil, 628 candidatos se inscreveram para a prova realizada em parceria entre o Ministério da Educação e Saúde.  

Fonte: A Gazeta

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